Internacionalizacao de PME no continente Americano: Revisao da Literatura. - Vol. 28 Núm. 67, Enero 2018 - Revista Innovar - Libros y Revistas - VLEX 774047693

Internacionalizacao de PME no continente Americano: Revisao da Literatura.

AutorPires Ribau, Claudia
CargoEstrategia y Organizaciones - Texto en portugues

INTERNACIONALIZACION DE PYMES EN EL CONTINENTE AMERICANO: REVISION DE LA LITERATURA

SMEs' INTERNATIONALIZATION IN THE AMERICAN CONTINENT: A LITERATURE REVIEW

INTERNATIONALISATION DES PME SUR LE CONTINENT AMERICAIN: REVUE DE LA LITTERATURE

Introducao

Apesar de varios estudos terem analisado a literatura sobre a internacionalizacao de Pequenas e Medias Empresas (PME), ainda persiste a necessidade de compreender as varias facetas destas, dada a multiplicidade de fenomenos intrinsecos e extrinsecos que as influenciam.

A comunidade academica tem vindo a interessar-se cada vez mais pelos estudos sobre a internacionalizacao das PME (McAuley, 2010; Singh, Gaur & Schmid, 2010; Singh, Pathak & Naz, 2010), devido essencialmente a relacao entre a competitividade e o aumento da produtividade, da flexibilidade e da presenca cada vez mais ativa das PME no mercado global.

Na literatura sobre a internacionalizacao de PME, e evidente o contraste entre OS modelos tradicionais de internacionalizacao, por estagios ou etapas, e OS "recentes" fenomenos denominados por born globals ou international new ventures (D'Angelo et al., 2013). Neste sentido e apesar de ser evidente o crescimento do conhecimento teorico e metodologico sobre a internacionalizacao de PME, o seu estudo continua a mostrar-se fragmentado e necessitado de uma visao holistica e inclusiva das perspetivas plurais sobretudo no que se refere a visao endogena e exogena da empresa.

Existem varios trabalhos de revisao sobre esta tematiCA. McAuley (1999; 2010) desenvolveu a sua pesquisa entre 1989-2009, analisando 24 artigos relevantes na literatura sobre a internacionalizacao de PME na perspetiva sequencial. Leonidou e Katsikeas (1996), Coviello e McAuley (1999), Coviello e Jones (2004) e Rialp, Rialp e Knight (2005) limitaram-se a analisar a internacionalizacao de empresas na sua fase embrionaria. Fillis (2001) analisou 33 artigos sobre a internacionalizacao no periodo de 1975-2000, sem identificar claramente o tamanho da empresa, incluindo mesmo multinacionais. Etemad (2004) e Kuivalainen, Sundqvist, Saarenketo e McNaughton (2012) analisaram artigos conceptuais relacionados com OS padroes de internacionalizacao de PME. A partir destas revisoes de literatura, e possivel concluir que esta area de estudo e pautada pelo crescente interesse em diversos topicos ou vertentes de investigacao, e nao por uma abordagem generiCA. Entre outros, destacam-se OS seguintes exemplos: Moreira (2007), que estudou a relacao entre PME e multinacionais no setor automovel; Floriani e Fleury (2012), que relacionaram o desempenho e a experiencia internacionais com o grau de internacionalizacao; Williams (2013), que combinou a perspetiva cognitiva com a internacionalizacao de PME, barreiras e desafios da internacionalizacao e ainda incluiu o genero no seu estudo; Barbosa e Ayala (2014), que combinaram a internacionalizacao de PME com a abordagem empreendedora, born globals e inovacao.

A nivel academico e empresarial, avaliar a internacionalizacao de PME continua a ser pertinente como forma de identificar o tipo de artigos existente neste campo, as revistas onde sao publicados, as caracteristicas fundamentais, a situacao atual e o potencial para futuras investigacoes. Tendo em consideracao que, na literatura sobre internacionalizacao de empresas, (a) nao e apropriado fazer generalizacoes da realidade das empresas multinacionais, que tem muito mais recursos e competencias (Thong, Yap & Raman, 1996) que as PME, (b) a analise que envolve as grandes empresas e muito mais antiga do que a realidade das PME (Ribau, Moreira, & Raposo, 2015), (c) o comportamento estrategico das grandes empresas nao e semelhante ao das PME (Raymond & St-Pierre, 2013), (d) o estudo da internacionalizacao tem dado grande destaque as PME europeias e as multinacionais Americanas (Rugman, 1981; Rialp & Rialp, 2001; Ribau et al., 2015) e (e) tanto quanto e nosso conhecimento, nao existe qualquer estudo que analise trabalhos de internacionalizacao de PME no continente americano (CA), especificamente na America Latina (AL), este artigo tem como objetivo retratar OS trabalhos publicados na area da internacionalizacao de PME especificamente do CA, comparando a perspetiva norteamericana com a latinoamericana. Este trabalho de pesquisa complementa igualmente estudos anteriores, que, apesar de nao seguirem uma linha sistematiCA, debrucaram-se na revisao de literatura sob a egide da internacionalizacao de PME. A presente revisao da literatura pretende nao so contribuir para a identificacao de padroes e tendencias, bem como indicar caminhos de como futuras investigacoes poderao evoluir.

Considerando pormenorizadamente a analise de 39 artigos publicados em revistas cientificas internacionais, este artigo procura alcancar o objetivo acima referido nas seguintes abordagens: a analise dos principais topicos de cada artigo; a metodologia adotada, incluindo as caracteristicas da amostra e OS intervalos de tempo (o tamanho da amostra e as fontes de informacao); a recolha de dados; a metodologia de analise dos resultados; OS paises de origem das PME e o sector de atividade das PME. Deste modo e com base em toda a pesquisa efetuada, nao foi encontrada qualquer pesquisa contemporanea que analise tao profundamente a realidade da internacionalizacao das PME localizadas no CA, pelo que este artigo procura complementar estudos anteriores (McAuley, 1999; 2010; Leonidou & Katsikeas, 1996; Coviello & McAuley, 1999; Coviello & Jones, 2004; Rialp et al., 2005; Fillis, 2001; Etemad, 2004; Kuivalainen, Sundqvist, Saarenketo e McNaughton, 2012), que se focaram em areas especifica da internacionalizacao de PME que nao tinham por objeto a analise do CA.

O artigo esta dividido em cinco seccoes. Depois da introducao, que corresponde a primeira seccao, OS conceitos de internacionalizacao e PME foram abordados na seccao dois. A terceira seccao apresenta a metodologia adotada nesta pesquisa. Os resultados sao apresentados e discutidos na quarta seccao. Finalmente, as conclusoes e OS principais desafios e futuros desenvolvimentos sao apresentados na seccao cinco.

Internacionalizacao de PME

Os conceitos de internacionalizacao e PME sao multifacetados. De acordo com a literatura, o conceito de internacionalizacao tem evoluido ao longo dos tempos, incorporando diferentes perspetivas analiticas e teoricas. Parece ser um termo ambiguo e a sua definicao varia de acordo com o fenomeno em estudo (Chetty & Campbell-Hunt, 2003). Pode incluir exportacao, comercio, cluster transfronteirico, aliancas, filiais e joint ventures localizadas fora do pais de origem (singh, Pathak & Naz, 2010); genericamente esta associado a um movimento outward das operacoes internacionais da empresa (Luostarinen, 1980; Welch & Luostarinen, 1988; Hitt, Hoskisson & ireland, 1994; Ruzzier, Hisrich, & Antoncic, 2006) ou um processo de adaptacao e aumento do envolvimento nas operacoes internacionais (Calof & Beamish, 1995), bem como o fenomeno de de-internationalisation (Chetty & Campbell-Hunt, 2003; Calof & Beamish, 1995; Chetty, 1999; Benito & Welch, 1997). Fletcher (2001) da-lhe uma perspetiva integrada ao incluir os movimentos inward. Varia de acordo com diversos fatores que incluem o tamanho da empresa, a idade, o tipo de gestao, a lideranca, o sector, etc., sendo que algumas empresas preferem internacionalizar as suas atividades de producao, enquanto outras internacionalizam apenas o seu negocio (Kafouros et al, 2008).

A internacionalizacao tem vindo a ser intensivamente estudada, assumindo varios pontos de vista e varias perspetivas (Mejri & Umemoto, 2010), entre as quais se destacam: a teoria organizacional, o marketing, a estrategia, a gestao internacional, o empreendedorismo e a gestao de pequenos negocios (Ruzzier et al., 2006; o'Cass & Weerawardena, 2009). O crescimento das pesquisas em marketing internacional inclui diversos estudos na area das estrategias de entrada em mercados externos, no uso de informacoes sobre as exportacoes, nas estrategias de marketing utilizadas pelas PME e no desempenho em mercados internacionais (o'Cass & Weerawardena, 2009). Para proteger a sua posicao no mercado domestico e aumentar as suas receitas, as PME encontram nas atividades de exportacao uma alternativa de risco relativamente baixo como forma de aceder a mercados externos (Bello & Gilliland, 1997; Peng & York, 2001; Salomon & Jin, 2008). Neste contexto, as PME enfrentam uma concorrencia intensiva nos mercados internacionais, confrontando-se nao so com as multinacionais, como tambem com a concorrencia local do mercado destino (Etemad, 2004).

Em face da heterogeneidade das caracteristicas intrinsecas das PME, as perspetivas macro foram dando lugar a abordagens microeconomicas, em que OS modelos tradicionais de internacionalizacao focam uma perspetiva processual ou de rede (Moreira, 2009), e perspetivas empreendedoras (Lu & Beamish, 2001; Jones & Nummela, 2008; O'Cass & Weerawardena, 2009), mais adaptadas as PME, sobretudo as menos passivas, o que tem colocado em causa a visao tradicional baseada no processo de internacionalizacao (O'Cass & Weerawardena, 2009).

As novas abordagens empresariais tem dado origem a novas tipologias comportamentais como as international new ventures ou global start-ups (Oviatt & McDougall, 1994), high-technology start-ups (Jolly, Alahuhta, & Jeannet, 1992), born globals (Knight & Cavusgil, 1996; Madsen & Servais, 1997), ou as "multinacionais infantis" (Lindqvist, 1991; 1997). Os estudos mais recentes tem vindo a identificar um aumento do numero de empresas que nao se encaixam na perspetiva das etapas tradicionais do processo de internacionalizacao; pelo contrario, elas ja nascem com o objetivo de desempenhar um papel ativo nos mercados internacionais.

Na literatura, encontram-se ainda modelos conceptuais que explicam a internacionalizacao como um processo comportamental, no qual a expansao para mercados externos comeca em mercados geograficamente proximos a empresa...

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