Variedade de motivações e regionalismos na América Latina (1960-2018)
Autor | Miriam Gomes Saraiva |
Páginas | 137-156 |
137
CAPÍTULO 2
Variedade de motivações e regionalismos
na América Latina (1960-2018)
Miriam Gomes Saraiva
¿Cómo citar este capítulo? / How to cite this chapter?
Gomes Saravia, M. (). Variedade de motivações e regionalismos na América
Latina (-). En M. Ardila y E. Vieira Posada (Eds.), Geopolítica y nuevos
actores de la integración latinoamericana (pp. -). Bogotá: Ediciones Univer-
sidad Cooperativa de Colombi
doi: https://dx.doi.org/./
Introdução
A
partir de , vem se desenvolvendo no mundo acadêmico di-
ferente reexões acerca do regionalismo latino-americano. Estas
análises têm em comum o esforço de buscar uma lógica explicativa, em um
universo de iniciativas lastreadas em diferentes preferências políticas, expec-
tativas e padrões de organização. Este capítulo busca apontar o estado da
arte, assim como contribuir para o entendimento da variedade do regiona-
lismo que se encontra atualmente na região.
Trata-se de um desao para acadêmicos e formuladores de política externa
na América Latina: explicar e conceituar os traços do regionalismo latino-
-americano da década de , marcado pela variedade de motivações e de
GEOP OLÍ TIC A Y NU EVO S AC TOR ES D E LA INT EGR ACI ÓN L ATIN OAM ERI CAN A
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modelos, em um cenário internacional e regional em mutação e, portanto,
incerto.
Para resgatar e compreender melhor essa conjuntura atual no que diz res-
peito, tanto à razão de ser das iniciativas de integração/cooperação vigentes,
quanto à conceitualização de um novo marco teórico e/ou conceitual para
o regionalismo em curso na região, é feito aqui um recorrido das motiva-
ções e da evolução conceitual do regionalismo latino-americano, sempre
com o foco nos modelos que marcaram épocas. Também, são examinadas
propostas conceituais e desaos atuais para indicar duas áreas possíveis de
interseção.
Por que o interesse na integração?
O sentimento em favor de integração é uma constante na América Latina.
Por que um país tem que se identicar com a região em questões, tanto de
interesse do entorno geográco, quanto de inserção internacional?
Diversos tipos de motivações podem ser reconhecidos por acadêmicos
pró-integração e líderes políticos desde a formação dos Estados da região;
entre outros: aspirações históricas, laços culturais, interesses econômicos
de desenvolvimento produtivo, interesses econômicos de inserção comer-
cial internacional, resposta ou resistência ao ator hegemônico externo ou a
inserção política internacional da região como bloco de poder.
Na prática existem motivações de diferentes origens. No campo econômi-
co há motivações de ordem comercial, tanto de perl protecionista, quanto
relativas à possibilidade de aumentar os ganhos de uma negociação comer-
cial coletiva; ou motivações relativas a uma estratégia de desenvolvimento
que ca potencialmente mais forte se for realizada em grupo.
As motivações de poder também são frequentes com vista a unicar as
agendas dos Estados e ampliar suas capacidades de atuação na política glo-
bal. Motivações de perl ideacional são históricas, com base na proximidade
cultural, identidade histórica, projeto de futuro, aonde a integração aparece
como destino, ou a chamada autonomia relacional que defende que, em
conjunto, a América Latina teria mais autonomia vis a vis atores mais fortes
da cena internacional.
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